quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Sou uma agoniada de alma 
Eu sublinho tudo. Meus livros são todos rabiscados, com anotações e grifos. As vezes me empolgo e sublinho além do que acho importante, que raiva que isso me dá! Dar importância ao irrelevante. Mas aprendi a usar o lápis com aquela borrachinha, não sou acostumada a usar ela, mas quando uso levo um susto! A borracha é capaz de apagar tudo de desimportante que eu fiz naquele papel, somem todos os vestígios, é como se nada tivesse acontecido ali. A borracha é lúdica. Sorte do papel que existe a borracha.

Meu cacto sem nome

Eu tenho um cacto, não é aquele com cara de mexicano, nem aquele mini com uma flor em cima, desses eu já tive, quando pequena. Uma vez eu quis tocar nele, era tão pequeno, lindinho e delicado. Pronto. Tinha espinho pelas minhas mãos de criança inteiras, foi parar espinho do cacto até na minha língua, não sei como. Mas foi uma sensação desesperadora! Eu comprei numa viagem, e o caminho de volta foi terrível com meus espinhos fazendo casa nas minhas mãozinhas.  Peguei um pouco de raiva dele, cuidei mal mas não por isso. Fui uma criança despreocupada. De vez em quando eu queria tocar naquele cactinho só pelo medo daquela coisa pequena poder me ferir de novo. Bem ridículo até um pouco sádico. 
Hoje eu tenho esse cacto que é diferente de todos que eu já vi, todo espalhadinho pela terra. Acho ele uma graça! Sempre penso que minhas plantas vão morrer rápido, e elas de fato morrem, sou descuidada. Mas um cacto da um certo medo, igual tartaruga, que vive 100 anos. 
As vezes na rua eu lembro do meu cacto e tenho vontade de ver ele, isso é novo pra mim.. Penso nas partes novinhas q crescem nele, e quando ganhei, ele tava meio solto, pensei logo: pronto, já matei o cacto. Mas não matei não. Ele tá lá. 
Nesse não tenho vontade de tocar, só de olhar. Na verdade tenho vontade as vezes de tocar na terra dele e ver como ela é. Sei lá, já tenho esse cacto há quase dois meses e ele só bebeu água duas vezes, fico pensando em como ele pode exigir tão pouco, e viver tanto! Eu sinto vontade de tocar na terra só por curiosidade, pra testar a resistência dessa vidinha totalmente independente... Se um dia eu quiser tocar no cacto em si, vai ser pra desafiar a planta. Eu não peço nada pro cacto não peço carinho, atenção, só pra ele não morrer, e continuar exigindo pouco de mim, será que com essa nossa relação de amor e distância, tão respeitosa, ele vai fincar suas garrinhas em mim? Mesmo assim? Será que não vai ter nem um pouco de compaixão por um ser tão limitado que o quis tocar desprezando totalmente o nosso acordo de amor e distância? Não. Ele não vai ter. Não vai me livrar disso. Ele impôs os limites da nossa relação, eu aceitei e não posso querer mudar isso logo agora. Eu respeito meu cacto. Sei que ele me ama. Mas nós somos diferentes, eu deixo ser tocada, mas entendo ele. Eu solto espinhos as vezes. Cacto, eu respeito nossa relação, não vou querer te tocar pra provar pro mundo o nosso amor, não preciso mostrar pro mundo que esse cacto tão conservador nas suas escolhas teve que mudar sua essência só pra me agradar. Não sou sua dona cacto, podemos seguir juntos, a vida inteira. Nos respeitando, felizes. Cada um com seus espinhos.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Eu por nós: um texto egoísta

Eu: eu mesma. 
Eu faço tudo por nós. Nós: o universo inteiro(sim, o universo. Com todos seus mundos, galáxias, habitantes (incluo animais),países, cidades...) esse universo sou eu. Sim. Eu. Com todos os tipos de vida, todos os lugares e pessoas que moram aqui dentro. Todas as Eras que me trouxeram aqui foram importantes, a era de gelo, o aquecimento global, tudo é muito importante, tudo aconteceu dentro de mim, e eu sou hoje um universo precário, mas eu tô aqui, e vai que acontece um dilúvio e um repovoamento? Não subestimo meu universo. Esse universo mora em mim. Eu moro nesse universo. E isso é um ciclo sem fim. Sem dúvidas eu tenho muito o que fazer por nós. E sigo fazendo, sigo deixando desmatarem minha mata atlântica, sigo deixando sugarem minha água. Vai ver tudo tá indo porque tudo tá mesmo meio podre. Eu vou construir minha arca de Noé, se canso desse mundo, levo os meus e vou pra outro. A estrada(ou via láctea) é longa e escura, e eu tenho medo. Mas sou enterna e infinita, fazer o que. Foi assim que me fizeram. Com capacidade de ser habitada por dinossauros e destruí-los com meu gelo, fazer brotar vida na água, e deixar poluírem minha água, comerem meus animais, atearem fogo nos meus humanos sem teto, atearem fogo nas minhas bruxas, fazerem santos meus inimigos, os empenhados em acabar comigo. Eu deixo tudo, no meu universo eu sou Deus. Dou corda e vida, eu própria posso me destruir se quiser. Deixa essa lei, deixa esse barulho. Eu também sou caos, eu estremeço com a guerra, eu deixo a guerra fluir. 
Vou fazer uma arca de Noé, mas arca de Noé é coisa do passado. Vou é viajar pelas minhas estrelas, minhas luas, meus mundos, minha gente. E a minha gente escolho eu. Não vai ter quase ninguém e nós seremos nossas Evas. Eu e Eva vamos procriar um Adão, que com outro Adão vai procriar uma Eva. E ninguém vai nascer da costela de ninguém. Eu e Eva mandaremos no nosso novo mundo. Eu divido o mundo com ela. A gente cuida. A gente cria. 
Mas eu ainda tenho um universo interminável dentro de mim. Muito diferente do universo da Eva. Eu trouxe a Eva pro meu mundo, e sou egoísta demais pra ir a mundos alheios. Eva, faço tudo de mais interessante pra te trazer pro meu mundo. Crio até as guerras e o caos pra não ficar tudo angelical demais. Fica Eva. 

sábado, 10 de outubro de 2015

As vezes eu não sou qualquer pessoa, e as vezes não ser qualquer pessoa me angustia mais do que ser qualquer pessoa pra qualquer um 
Escrevo e falo reto, mas sou inteira entrelinhas
Por mais poético, alguém sempre alguém desiste de (mim) me entender 
Eu sou uma vítima 
Uma preguiçosa 
Uma vítima de mim 

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Girassóis no viaduto

E esses girassóis, estavam aqui ontem? 
Tem uma fileira de girassóis embaixo do viaduto. Como eu não reparei nisso antes? Mas também.... Quem repara no que tem embaixo dos viadutos..
O que eu desejo da vida é que a vida seja uma liberdade atordoante 
E diariamente não ter certeza 
Porque ter certeza é perder a liberdade 
E por mais que eu não esteja livre, eu nunca vou ter certeza disso 

Essa é a minha glória, amém 
Me mostro toda so pra provar o quanto ainda tenho escondido 
Quem se explica, perde o dom da liberdade. Um dia eu me explico... 
Quem se explica, perde o dom da liberdade. Um dia eu me explico... 
Voltei a ser misteriosa.
Agora ninguém mais sabe quem eu sou 


(Não me esforcei em nada pra isso. É natural, humano. Acontece) 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Eu tenho segredos que são só meus. Eu não divido nem com o ar que eu respiro.
Acho que eu mereço um pouco desse caos velado. 
Não falo
Não escrevo
Eu não divido com ninguém uma angústia que foi feita só pra mim. Na medida e tamanho.
Eu tenho segredos que são só meus. Eu não divido nem com o ar que eu respiro.
Acho que eu mereço um pouco desse caos velado. 
Não falo
Não escrevo
Eu não divido com ninguém uma angústia que foi feita só pra mim. Na medida e tamanho.

Eu sou Agora

O texto é título 

Malemolência

Quantas de mim vou conhecer se eu resolver sair sozinha? Quantas eu vou me esbarrar? 
Quantas vão perecer, quantas vou gostar? Capaz de enjoar...
Atenção:

Atenção com o vão entre as nossas bocas e as nossas vidas. Atenção com o vão. 
Atenção com o vão entre nossas opiniões. Atenção com o vão entre o meu corpo e o seu. 

Atenção, aos poucos nossas dores vão. 
Atenção, aos poucos nossas vidas vão. 
Eu posso não te esbarrar mais. 
Estamos distanciando nossas estações. 
Atenção, portas se fechando. 

Embarque.